domingo, 21 de setembro de 2008

Só em Ponta Grossa mesmo...

Com todo mundo acontece isso. Domingo de tarde, você sem nada pra fazer, se enrolando pra começar aquele trabalho... “Vou variar, botar na TV local”, pensa. “Sempre bom valorizar o que é nosso!”
Obviamente que não vou citar o nome do canal. O programa é pra ser feminino, mas restringe-se a um conteúdo sobre moda e culinária. Já começa por aí.

Com um sotaque inegavelmente pontagrossense, uma moça de cabelos pretos e uma roupa chamativa anuncia: “Gentê, agora vamos conferir um desfile ma-ra-vi-lho-so da loja Etc&Tal, aqui com a nossa amiga Fulaninha!”(apresentadoras e lojistas sempre são amigas). “Como você tá Fulaninha? Faz tempo que não vejo você!” (hábito repugnante dos apresentadores locais de falarem com o entrevistado de maneira íntima demais, daqui a pouco já estão falando sobre a cirurgia de apendicite que o dito cujo fez). “Ah! Tô ótima! É sempre uma prazeRR estaRR aqui!".

Após uma conversa insossa, modelos descem de uma escada e andam por uma passarela visivelmente improvisada. “Agora, a geente tá vendo aqui uma roupa mais modinha (porque modinha, meu Deus?), né Fulana, que estampa maravilhosa!" e passa o microfone bruscamente para a entrevistada, que se vê obrigada a falar, mesmo que não diga nada de importante. “ÉÉ! Bom, essa modinha aí é mais pra adolescente né, você vê que a calça é mais justa e a blusa né, toda estampada né, bem adolescente".

A modelo, claramente desconfortável, faz uma pose estranha e sorri de um jeito falso. Nota-se a maquiagem de extremo mal gosto e as unhas mal feitas. Logo entra outra modelo, um pouco acima do peso, nariz grande e olhos maquiados de um preto tão intenso que mais parece que levou um soco no olho. “Mas que liiinda essa calça! Uma roupa mais pra senhora né?” “É!”, responde a entrevistada com seu comentário construtivo.

A câmera foca na “modelo”. Sim, é uma senhora. Percebe logo que a câmera foca nela e muda bruscamente de posição. Barriga encolhida e sorriso falso. Constrangida, imagino que pense: “Não acredito que tô fazendo isso por trinta reais!”. A apresentadora procura mostrar-se interessada e avisa: “Olha, tenho uma calça parecida.” Repentinamente vira a bunda para a câmera numa tentativa desesperada por mais audiência numa hora em que as pessoas estão lavando seus cachorros e seus carros. “Que bordado maravilhoso né? Hoje tá tão na moda assim, bordado.” Sim Fulana, você e seus dizeres inteligentes.

Após a tortura de assistir o “desfile”, dou por mim e estou vendo a morena chamativa ao lado de uma velha gorda, e ambas estão ensinado como fazer uma torta de chocolate com nozes numa cozinha feia. “Bom”, penso, “acho melhor fazer o trabalho que ganho mais”.

Moral da história: Antes Faustão do que a irritante TV local. Definitivamente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Só mais uma reflexão...

Você já percebeu que as pessoas estão sempre exigindo coisas de você?
  • Sábado à noite, você no msn. "Nooooooosssaaaaaaa! Você por aqui? Não vai sair? Credo, você não era assim!"
  • Terça-feira, você chega na aula. "Aconteceu alguma coisa? Tá triste? Não, por nada não. É que você costuma ser tão alegre..."
  • Algum dia quando você afirma que não fez algo que todo mundo fez. "O quê? Você não foi no Scorpions/ não viu Star Wars/ não assistia Chaves/ não teve um tamagochi? Em que mundo você vive?"
  • Algum dia, quando você afirma que faz algo que nem todo mundo faz. "Hãn? Você joga bocha/ come agrião/ gosta de academia/ ouve música clássica/ lê José de Alencar? Em que mundo você vive?"
  • Um final de semana, quando você decide usar uma roupa diferente. "UAUUUUUU! Vai pegar alguém né? Não... é que na faculdade você se veste tão...ham...assim...confortável."
  • Um meio de semana, você, categórico, afirma que não quer se envolver com alguém. "Aiiii! Creeeeedddo! Pare com isso. É bom ter alguém. Tá carente né?"

Não. Não quero escrever auto ajuda. Muito menos fazer com que alguém pense: "Ihhhh, será que esse texto é pra mim? Será que falei alguma coisa e ela não gostou?"

Não.

Eu só queria colocar essa minha reflexão. Penso nisso faz tempo. Quantas vezes a gente age de alguma maneira que não estamos acostumados ou não gostamos só porque estamos em um grupo e temos medo do julgamento alheio? Isso acontece muito. Se decidimos ir contra a correnteza é pior, as pessoas falam todas aquelas coisas em aspas ali em cima... Daí de duas uma: Ou você cede ou fica como o chato/estranho/louco da galera.

Sempre tem aquele dia que você quer ficar na sua. Dáí vem quinze caboclos com mil perguntas. Na realidade, não aceitamos comportamentos diferentes dos nossos, hábitos, costumes "anormais" pra nós... Minha dica é essa: Não cobre, não julgue. Mesmo que seja com boas intenções... Deixa pra lá. Garanto: sem cobranças, as pessoas se sentem muito mais felizes.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A arte de não ter sobre o que escrever

Exatamente. Não sei sobre o que escrever.

Na verdade, não é exatamente não saber. A culpa é da tal da inspiração, que insiste em aparecer somente quando a ela é conveniente, sempre me fazendo preocupar em manter o prazo estipulado no projeto de trabalho para atualizar o blog. Ou seja, estrapolação de data constante!

Então, vou aproveitar a minha nova ocupação das quartas-feiras, o projeto de extensão "Direito, Cidadania e Comunicação", para falar sobre as coisas que aprendi hoje.

Vocês sabiam que ao nascer um bebê e se ele viver apenas por alguns instantes, ainda assim esse pequeno indivíduo possui direitos? Sim! A criança mal respirou e alguém, no caso seus responsáveis, pode exigir os direitos por ela!

Porém, não se iludam, esses tais direitos não são tão extensos assim. Pelo o que eu pude entender, existe o direito ao sepultamento e o direito aos registros de nascimento e de óbito. Agora, percebam como é bizarro existir uma coisa para legalizar seu enterro. Parece uma ação tão básica, não é mesmo? Morreu, enterrou. Simples.

Por outro lado, caso não realizassem esse registro haveria túmulos por todos os lados (exagero, ok), sem controle, sem conhecimento por parte do governo local da existência dos mesmos. Afinal, se existe esse direito provavelmente ao exercê-lo é emitido algum tipo de documento garantindo sua efetivação e expedindo uma cópia para arquivo do órgão responsável pela emissão. Certo?

A sociedade exige regras, até mesmo para cavar um buraco e depositar restos humanos que entrarão em decomposição.

Enquanto moramos com nossos pais existem regras específicas, quando moramos com outras pessoas também existem regras específicas, mas a especifidade muda. O mesmo pode ser aplicado em comunidades com culturas diferentes, em religiões diferentes, enfim, em todo tipo de variedade de agrupamento social. A ideologia pregada por cada grupo único rege o padrão de vida que será levado.

Não me lembro agora qual famoso filósofo pensou nisso antes de mim, mas o conceito de leis serem necessárias para um convívio harmônico em sociedade é notícia velha. Seja qual for o ambiente, desde uma tribo selvagem até o regime mais autoritário possível, padrões de comportamentos aceitáveis ou não sempre existem.

Inclusive os revoltados auto-intitulados de excluídos da sociedade, eternamente insatisfeitos com as injustiças sociais e revolucionários natos, são necessários para o bom funcionamento do mundo, por incrível que pareça. Como diria Marx, o conflito social é indispensável para a evolução e aperfeiçoamento das comunidades.

Portanto, simplesmente aceitem as coisas como são, pois em qualquer lugar tudo funcionará de acordo com a mesma fórmula na qual as variáveis são, obviamente, variadas.

É, pra quem não conseguia escrever sobre nada, até que isso aqui não ficou tão ruim... (espero)