sábado, 2 de agosto de 2008

Canela custa caro

Ontem estávamos no bar e ocorreu a seguinte situação: meu drinque veio sem canela! Como assim? Naquela mesma semana o mesmo drinque foi servido com o pózinho marrom, então eu quero! Sim, eu fiz questão de exigir canela. Quando o garçom me informou que não conseguiam encontrar a bendita, fiz a seguinte sugestão:
- Bom, como tá faltando uma parte da bebida, não tem como cobrar menos?

A reação imediata da mesa inteira foi ridicularizar minha atitude, afinal, quanto drama só por um pouco de temperinho numa bebida, não é mesmo? Não faz sentido perder tempo e incomodar o pobre garçom, que não tem nada a ver com o drinque nem com a canela.

Outro momento brilhante que apenas um amigo pôde presenciar ocorreu no Mc Donald's (não, não fui contra o sistema). Nós dois pedimos exatamente o mesmo sorvete, um tal de Top Sundae, sabem qual é? Pois sim, o próprio. Apesar de os pedidos terem sido iguais, a pessoa que me atendeu simplesmente me entregou um sorvete equivalente à metade daquele que foi servido ao meu amigo. Sim, eu exigi o mesmo tanto de sorvete.

De novo, a mesma reação. Meu companheiro não conseguia controlar seu ataque de risos enquanto eu explicava para a gerente que queria o mesmo tanto de sorvete que ele. Sou mesquinha, né? Quanto drama, quanta tempestade em copo d'água, quanto exagero por coisas tão pequenas.

Não, amigos, é tudo por uma causa maior. Uma característica dominante em parte dos brasileiros de classe média/alta é não exigir seus direitos de consumidor. Não faz diferença se o produto que você comprou custou trezentos milhões de reais ou apenas um mísero real. O preço é proporcional ao trabalho e custo de materiais para produzí-lo, na maioria das vezes. O fato de não exigir canela no drinque que sempre deveria ter canela é o mesmo que dizer: Tudo bem, você não precisa entregar o produto completo pelo qual estou pagando. É fazer papel de idiota.

O mesmo é aplicável à típica situação de ignorar o um centavo de troco. Rá, também sou chata com isso! Além de estarem deliberadamente roubando seu dinheiro, é propaganda enganosa aquele preço R$X,99 com o intuito de apenas passar a impressão de o produto não ser tão caro quanto realmente é.

As copiadoras ao redor da universidade encontraram uma alternativa para esse problema: o troco em "vale centavos". É uma solução, por mais que não seja dinheiro de verdade, pelo menos é possível pagar algum xerox em acúmulo de "vales". Porém, ontem fui surpreendida ao receber meu troco em centavos de moeda! Praticamente uma revolução.

A moral da história não é apenas uma questão de ser chata ou implicante. É uma questão de respeito. Tentar passar a perna em alguém vendendo qualquer mercadoria que seja incompleta ou fingir que o troco não existe, para mim, é insultar a inteligência alheia.

São tantas as situações em que não valorizamos o trabalho árduo de alguém para conseguir aquele dinheiro que passou a ser mais um hábito. Podemos fazer uma comparação com aquela propaganda sobre pirataria na qual o filho de um casal colou na prova. Ó céus, foi isso o que os pais ensinaram ao menino quando compraram um dvd pirata? Não exatamente, mas é tão próximo quanto qualquer situação em que a moral é deixada de lado.

Jennifer Ann Thomas

7 comentários:

Samuh Vogetta S. disse...

Curiosa situação aconteceu comigo.
Ou quase isso.

Estavámos almoçando em um lugar, no qual não revelo o nome para não romper com meus ideais, quando duas amigas pediram o matador de fome [opa, agora ta fácil né? ]. As deliciosas e quase inigualáveis batatas estavam na mesma proporção, mas na hora de abrir aquela caixinha que guardava o big taste uma surpresa. O de uma delas veio de ponta cabeça e desmontado além dos recheios que não foram pedidos.
Óbviamente algo mais do que uma falta de canela ou algo do gênero.
Mas o valor do dinheiro [eu disse valor, não quantia] era válido para todos os casos. Estou com você. Seriamos um país melhor se o resto do povo brasileiro também lutásse por seus direitos, e não apenas meia dúzia.

Thá disse...

tá bom, eu admito. eu estava na mesa quando a jenny efetuou o pedido de mais canela e tá bom, eu admito, eu enxi o saco.

guto disse...

isso ae jenny! força garota! brinco contigo mas tô com vc nessa luta! Vc é um exemplo! me dá forças para não ser mais um acomodado em uma massa amorfa de trivialidade. exerça seus direitos de cidadã consciente pagadora de impostos! a gente caçoa, tira um sarro, faz uma chacotinha mas vc tem toda razão. afinal, afinal, hoje é uma canela que não tem no drink, amanhã é um lanche que vem sem surpresinha. Quando você menos percebe, CABLAM, virou uma mosca morta sem senso crítico. Faça valer seus direitos de consumidora e exerça a cidadania. Para saber mais, visite: http://www.idec.org.br/

Cleber Facchi disse...

Ai que nojinho!
imagina!
como podem servir um drink sem canela?

auhaihuaiuhaiauhiauhaihuaiuha

ou um sorvete menor que o outro?

Samuh Vogetta S. disse...

HAHAHAHAHAH
thalita..
quando minha amiga fez um escândalo por causa do big taste, eu também ri demais, aliás todos riram.
=]

Let disse...

eu também protesto, principalmente nessas lojas de 1.99... se me dão bala de troco, eu já falo: "tô juntato 199 dessas balas pra te pagar a próxima compra"

:P

Milene Thomas disse...

Concordo com tudo!
A briga pelos centavos é minha causa preferida, que aprendi com minha mãe, que tem 73 anos.
É isso aí, Jen, mantenha a tradição da família e não se deixe enganar por ninguém!